quarta-feira, 10 de junho de 2009

Por que o cinema brasileiro anda tão violento?

"o ser humano detesta a dor, mas tem uma fortíssima atração por ela; rejeita os acidentes, as mazelas e misérias, mas eles seduzem sua retina". Essa citação foi retirada do livro O vendedor de Sonhos, uma ficção do psiquiatra Augusto Cury que, todavia, fala, de início, dessa fascinação que as pessoas têm pela violências, pelas dores.

Embora o resto do livro não seja exatamente útil para responder à questão proposta, alguns trechos servem para explicar pontos úteis. O cinema brasileiro anda tão violento porque as pessoas possuem forte atração pela violência.

É claro que, se olharmos o geral do cinema nacional, não são tantos os filmes que sejam violentos ou retratem essa realidade do País. O que é curioso é que, aparentemente, apenas eles fazem realmente sucesso - dentro e fora do Brasil.

Sempre temática dos filmes brasileiros, a miséria, a pobreza e a vida das pessoas simples foi enredo de histórias premiadas, como Central do Brasil. Na década de 90 e início dos anos 2000, pela primeira vez as produções nacionais passaram a repercurtir mundialmente. Começando com o filme cuja atriz era Fernanda Montenegro até chegar a Cidade de Deus.

City of God, como foi chamada a produção no exterior, é um marco para o nosso cinema. Embora não tenha ganhado o Oscar, foi o primeiro filme a concorrer em 4 categorias, sendo uma delas a de melhor diretor, para Fernando Meirelles. Infelizmente, a premiação estadunidense dificilmente entrega estatuetas a concorrentes do terceiro mundo, mas, de toda forma, o filme ganhou projeção internacional.

O sucesso de Cidade de Deus foi tamanho que abriu espaço para outros filmes que mostrassem a mesma realidade violenta das favelas do Rio de Janeiro. Tropa de Elite é o exemplo mais recente, mas também houve Cidade dos Homens e muitos outros.

É bem verdade que nem todos os filmes tratam apenas da violência dentro da favela. Outro longa muito premiado do País é o documentário Ônibus 174, que conta a história do famosos sequestro da linha de ônibus 174 no Rio de Janeiro, em 2002. A diferença é que, no documentário, o diretor não tentou mostrar apenas a violência crua carioca, mas humanizou o próprio sequestrador, fazendo o espectador ver que ele tinha um motivo para cometer a atrocidade que cometeu; que ele não fora criado em "berço esplêndido", por assim se dizer.

Seja como for, pelo motivo que tiver, a verdade é que a violência nas favelas brasileiras, principalmente nas cariocas, vende. E vende muito bem. Por mais difícil que seja aceitar isso, o brasileiro deve encarar como sendo sua realidade. É isso que vendemos para o exterior porque é um pouco disso que somos: um país violento, pobre e extremamente desigual.

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