quarta-feira, 10 de junho de 2009

Sucesso da Tropa

Atualmente alcançar o sucesso de bilheteria e de boas críticas é um desafio cada vez maior para os diretores, produtoras e seus filmes. O mais recente filme do diretor José Padilha virou um fenômeno não apenas pelas críticas e o sucesso nos cinemas, mas também por ser o filme número um nas vendagens dos camelôs.

É com certa facilidade que podemos dizer que Tropa de Elite (2007) nasceu polêmico. Primeiro por se tratar de um assunto muito delicado: violência. Entretanto, não é qualquer violência, mas a violência do Rio de Janeiro, principalmente a que vivemos no nosso dia-a-dia; uma brincadeira de polícia e ladrão potencializada e muito mais complexa.

Dirigido por José Padilha, estreante na ficção e responsável pelo sensacional documentário Ônibus 174 (2002), Tropa de Elite se passa em 1997, pouco antes da visita do Papa João Paulo II ao Rio de Janeiro. Diferente de outros filmes, como Cidade de Deus (2002), em que os personagens principais são os bandidos, a narrativa do mais recente trabalho de Padilha desenvolve-se em cima da polícia carioca. O diretor não vem para mostrar o dia-a-dia do Batalhão de Operações Especiais (BOPE), mas sim para contar a história do capitão Nascimento (Wagner Moura). Nascimento está cansado do trabalho e acredita que sua nova missão, a de proteger o Papa em sua vinda, é estúpida. Enquanto lida com seus problemas, ele procura um substituto que pode estar nas figuras dos aspirantes Neto e Matias. O primeiro se destaca pela coragem, o segundo pela inteligência e ambos pela honestidade. Se pudesse reunir todas essas qualidades num só homem, o capitão já teria achado o seu candidato.

Um dos principais objetivos de Padilha era fazer com que as pessoas debatessem sobre o filme. Assim como em Ônibus 174, Tropa de Elite seria um documentário, no entanto, os policias entrevistados estavam receosos em mostrarem suas caras ao mundo e sofrerem as conseqüências entre a própria polícia e também o tráfico. Mesmo assim, o filme não deixou de ser um documentário, foram feitos cerca de dois anos de investigações em conjunto com o BOPE, psiquiatras da PM, ex-traficantes e diversos policiais. Os próprios atores passaram por duros treinamentos para a execução final e tão realista que o filme nos traz.

A questão e o discurso do filme acabam sendo ofuscados pelo drama relacionado aos personagens, especificamente do capitão Nascimento. Alguns espectadores preocupam-se mais com desenrolar da história do que a crítica que envolve um filme milimetricamente pensado. Padilha nos mostra, como resultado do descaso do governo, a corrupção em suas diversas formas dentro da própria polícia militar. Assim como em Ônibus 174, o policial do Rio de Janeira é mal preparado, mal armado e não possui a auto-estima necessária, mas em contraponto temos o BOPE, altamente treinado, armado e agindo através da extrema violência.

O segundo ponto polêmico gira em torno da pirataria. Tropa de Elite tornou-se um dos filmes mais comentados antes mesmo de sua estreia nas telonas, o lançamento “da perna de pau” ocorreu dois meses antes do oficial. O DVD pirata podia, e ainda pode, ser encontrado em qualquer camelô que gostaria de estourar em vendas. Segundo dados do Datafolha, mais de um milhão de pessoas já haviam assistido ao filme antecipadamente, sem contar o número de downloads ilegais realizados.

O que nos resta saber é se Tropa de Elite alcançou tamanho sucesso, e consequentemente popularidade, devido sua brilhante execução, ou ganhou tamanha projeção através das vendas antecipadas e ilegais. Afinal, quem veio primeiro, o ovo ou a galinha?

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